segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ao mestre com carinho


Ah dias atrás, quando voltava da sede da AFM Caxias pensava, ao caminhar pelo centro de Caxias do Sul, em onde andará meu amigo Vanderlei Duarte. Para quem conhece Vander, como é chamado pelos mais próximos, falo de um cara de forte personalidade. Um alguém que possui uma “armadura” que mete medo em alguns, mas que guarda um coração enorme, para com aqueles os quais ele simpatiza. Para quem questiona seu jeito fechado, não hesita em dizer “É a cara que eu tenho...”. “Curto e grosso”, como diriam os mais antigos. Direto no que julga certo e às vezes um pouco “áspero”, assim melhor dizendo.
Mas tudo isto retrata um cara que ama o nosso esporte. Um alguém que tem uma história nas mesas e fora delas. Um personagem da história do futebol de mesa do Rio Grande do Sul, que é mestre na arte de confeccionar mesas para lisos. E como ele mesmo se auto-intitula “o homem de gelo na mesa de jogo”.
Vanderlei foi meu principal mestre no mundo dos lisos. Digo foi, porque não tenho tido o prazer de dividir a mesa, nem o ambiente de treinos, com este meu mentor. Vander, ha meses afastou-se da AFM, quer por motivos pessoais, quer por trabalho, sei lá... Com ele aprendi a não tomar as goleadas de antigamente, do início na regra. Comecei a praticar a arte dos “tapinhas”. Pude entender que é muito mais simples executar um “tapa na bola” do que cobri-la, como na época da regra gaúcha. Com este meu professor aprendi a lançar a bola nas laterais do campo, quando em vantagem minha equipe estava. Ele me dizia que esta jogada me daria tempo para arrumar a defesa, arrumar o meu campo de jogo. E não é que o cara tinha razão.
Várias e várias vezes, quando eu trabalhava no turno da tarde/noite, freqüentava a antiga sede da AFM pela parte da manhã e lá ficava praticando chutes a gol. Era iniciante, portanto mais errava do que acertava a meta. E quando lá eu estava, no tranqüilo ambiente quieto da sede, ouvia um molhe de chave sacudir e ao abrir a porta sempre à mesma frase: “Ohhh, guri..!!! Tu já ta por aí!!!”, era o velho mestre, carregando as vezes seu guarda chuva, um cigarro ao canto da boca, que ele teima em não deixar de lado. Sempre com alguma dica, alguma régua nova, de formato que só ele sabe improvisar.
Devo muito do que posso apresentar nas mesas, atualmente, ao Vanderlei. Independentemente das histórias que o possam envolver, com algumas pequenas rusgas e desavenças, este senhor que poderia ser meu pai e até avô, foi um mestre, num período importante de minha vida. Vander foi a minha companhia diária. Em diversos momentos torceu por meu sucesso. Várias foram às vezes que me chamou na rua para dar dicas de como proceder em uma partida. Infelizmente, na maioria das vezes, eu não consegui seguir seus conselhos. Sabe como é, a cabeça pensa, mas as mãos não acompanham.
Mas um dia voltaremos a treinar e a jogar. Não é possível que aluno e professor não voltem a se encontrar em uma mesa. Onde quer que Vander ande com certeza sabe que tem em mim um parceiro do futebol de mesa. Que fica torcendo pelo seu retorno as mesas, quer na AFM Caxias, quer em outra associação. Que volte a dar aulas de defesa para nós, meros iniciantes. Que volte a desfilar seus chutes de longa distância, como a exemplo daqueles que costumava a fazer com seus laterais, lembram?!!
Um grande abraço a este meu mestre das mesas. A este meu amigo das horas de treino, que levarei comigo no coração, onde quer que ande.
Até breve velho mestre!!!

2 comentários:

  1. Muito legal esta postagem. Bonita, fraterna e emocionante. Como é bom ler algo assim.
    Estenda ao seu, o meu abraço em nosso amigo Vanderlei Duarte.
    A você prezado Cristiano, meus sinceros parabéns!

    Carlos Kuhn

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  2. Gosto muito do Vanderlei. Um grande amigo do futebol de mesa. Pena que também faz bom tempo que não o vejo.

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